FAROL

12 Janeiro - 12 Fevereiro 2020

Exposição individual | Instituto Açoriano de Cultura

Farol, patente no IAC, Terceira, Açores, apresentou, no piso inferior, uma instalação vídeo para 3 canais e duas peças sonoras resultado de sessões de entrevistas a António Maurício. No piso térreo, “Loraf”, vídeo HD, propõe uma ficção a partir de uma ideia de isolamento absoluto e utópico face ao mundo exterior à ilha.

As obras partem de material filmado e gravado no Farol, povoação algarvia situada no extremo sudoeste da Ilha da Culatra, para oferecer diferentes formas de pensar um lugar onde residem de forma permanente não mais de 20 habitantes.

Este loteamento urbanístico constituiu-se na década de 1950 em redor do Farol de Santa Maria, edificado em 1851 e que permanece em funcionamento. O arrendamento é ilícito uma vez que não é permitido outro proprietário que não o Estado. Os títulos de usufruto sobre os lotes existentes que são concedidos aos moradores passam, na sua maioria, de pais para filhos e não podem ser vendidos. Construções ilegais, datadas principalmente do pós 25 de Abril de 1974, têm sido sistematicamente demolidas e está planeada a remoção total dos casos remanescentes. Fruto desta espécie de continuidade afectiva e do isolamento que caracteriza a ilha na maior parte do ano, desenvolvem-se um conjunto de relações e afinidades que contribuem para a construção de uma identidade própria num território muito específico.

Em 1987, o território foi integrado no Parque Natural da Ria Formosa com “objectivos primeiros a protecção e a conservação do sistema lagunar, nomeadamente da sua flora e fauna, incluindo as espécies migratórias, e respectivos habitats”.

Atualmente, a economia local é inteiramente dependente do turismo. A falta de infra-estruturas que apoiem esta actividade fora da estação balnear é a grande responsável pela acentuada sazonalidade das visitas à ilha.  Durante o Verão o número de casas ocupadas multiplica-se por 10. Intervenções, reivindicações e vivências materializam-se na paisagem urbana. Soluções DIY para problemas do dia-a-dia atravessam gerações mantendo a relevância que as originou e praticam-se ações que frequentemente questionam os limites dos códigos de coexistência próxima, da legalidade e do espaço público e privado.